Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Laço ou nó

O apego ao passado talvez não seja pelo fato de ter sido algo assim tão maravilhoso, mas simplesmente por não haver nenhum futuro, além do imediato que se rasteja a cada segundo no presente. A gente precisa ter um tempo pra conjugar: o problema é querer quase sempre o mais-que-perfeito. Como num presente, teoricamente pensado, adquirido e repassado pleno de afetos, boas intenções ou acordos de paz. Há o laço, o papel e o objeto-trato-troca. Há quem preze pelos três ou por um só, há quem guarde tudo ou jogue tudo fora no minuto seguinte. Há o que enfeita, ou prende, o que protege, ou cobre, e o que contenta, ou se contenta. O fato é que pra rasgar o papel, antes tem que desfazer o nó, talvez até se passe pelo papel sem rasgá-lo, mas o laço vai ser desfeito. Quando refeito, o papel vai ser outro, o presente também, ou nem haja mais nada, só a fita que ainda possa ser laço. Ou o laço que possa ser nó e nunca mais desatado. Corta-se.

Um comentário:

Joao Antonio Ventura disse...

Menina, você escreve muito bem. Parabéns! Abraços.