Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

domingo, 21 de julho de 2013

Os primeiros goles

 para L.

Nunca pensei que numa dessas noitadas pensaria em ti. É certo que ultimamente tenho pensado muito em ti, e sonhado além do que gostaria. Mas nunca em minhas noites. Essas onde me divorcio do mundo e me junto aos meus. Ao meu próprio relógio, meus vícios, pensamentos, platonismos e utopias. O trânsito ainda está movimentado, ainda estou na primeira cerveja, o sol se pôs faz tempo no meio da estrada, onde eu ainda pensava em ti. Já há algumas horas nos despedimos sem a menor atenção, nem intenção. Sei que atenção é o menor dos nossos problemas. Nesse momento, o maior dos meus é isso, estar pensando em ti, nas possibilidades, nos empecilhos, e no meu momento à parte da tua vida. Aliás, em que momento você começou a fazer parte de mim? Faz tempo que nos conhecemos e há tempos nos desfizemos. Agora sem mais nem menos, você surge em cada gole dessa cerveja que insisto em tomar sozinha, não tô pra ninguém mais hoje. Pensei em ligar nesse meio tempo, mas o que diria? Se nessa última semana estivemos tão perto todo o tempo e nada tive a dizer, por que agora teria? Você me deixou incoerente e cheia de clichês como há tempos não me sentia. Tenho sido tão lógica e previsível: três em uma, mas todas metodicamente encaixadas numa rotina milimetricamente erguida com medos, erros e desistências. Não sabia que havia porta ou janela por aqui. Você entrou, talvez por engano, um lugar confuso e tal, mas quem está perdida agora sou eu fora de ti, e o que me resta agora é só o tempo de pedir outra bebida até que o amanhã me mostre os estragos que essa noite ainda me reserva no tempo de uma curta ligação.

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